Em 2020 aconteceram motins, grandes ações de violência com terroristas e gangues. Nessa época muita gente morreu entre inocentes e criminosos. E como medida de contenção diante de tantas atrocidades, para se recuperar a paz, a Drª Lysander cria o projeto Reiniciados, que apaga essas memórias agressivas e perigosas, condicionando-as a sociedade atual em meados de 2050. Mas até onde este projeto vale a pena, tirando a liberdade das pessoas, mesmo para um bem comum?
A
protagonista da estória é Kyla Davis (pelo menos é assim que todos a chamam,
ela não tem certeza se seu verdadeiro nome sempre foi este), ela tem 16 anos e
acabou de ser reiniciada. Todos que passam por este processo tem que voltar a
aprender desde o mais básico como andar até se alimentar sozinho, são mais
inocentes que um bebê. E para controle destes humanos devolvidos a sociedade, é
implantado um chip em seus cérebros e Nivos(que acredito terem aparência de um
relógio digital) em seus pulsos. Este Nivo capta as emoções; Quando detecta
violência, raiva, medo ou angústia ele cai de 5.0 pra abaixo e à medida que vai
descendo o individuo começa com tonturas, passar mal, convulsões até 0.0 que é
a morte certa. O ideal é manter o Nivo de 5.0 acima, para que se sinta feliz e
em paz. Kyla tem consultas semanais com sua médica que realizou o tratamento, ela
também participa de reuniões entre grupos de reiniciados que contam suas
experiências em como se adaptar de novo à vida em sociedade. O cenário é Londres, e Kyla é enviada ao interior da cidade, onde tudo é mais calma e tranquilo.
Nossa
protagonista mostra uma anomalia em seu processo, ela tem constantes pesadelos,
que causam a queda brusca do Nivo dela e quase todas as vezes ela é atendida
por enfermeiros por estar a beira da
morte. Kyla se questiona sobre até onde estes pesadelos são ficcionais e até
onde eles podem ser verdades, memórias que não deveriam estar ali e que por
algum motivo podem estar voltando. Outro curioso fato é que quando Kyla sente
raiva, estranhamente seu Nivo não cai, ele estaciona ou simplesmente aumenta, o
que vai totalmente contrário do que se foi projetado, mas por quê? E por que
justo com ela?
Vários
elementos distópicos são revelados ao longo da estória, como “Os Lordeiros”,
grupo que causa muito medo e opressão, mas que são agentes para preservar a paz
dessa sociedade.
Os opostos
são “Os Terroristas”, rebeldes violentos que lutam contra este novo projeto e
os Lordeiros. Esse grupo de terroristas querem acabar com os médicos que
realizam os reiniciados e estes últimos para o grupo de terroristas, não são
confiáveis e querem exterminá-los também.
A narrativa
é bem fluída e de fácil compreensão a autora consegue te envolver na trama e te
faz questionar bastante sobre tudo: nem tudo é o que parece, a realidade parece
distorcida e as pessoas se omitem para não serem questionadas ou levadas pelos
Lordeiros, essas atitudes são fruto de puro medo que assola a população. O
controle é a base de muito medo e repressão, todo reiniciado é condicionado a
uma forma de vida perfeita e quando seu objetivo não é atingido, as famílias
que acolheram aquele reiniciado, podem devolvê-lo ao hospital, uma vez que o
produto não atingiu o esperado, “objeto com defeito que foi devolvido pela insatisfação
do cliente”.
Com o tempo
Kyla percebe que talvez o governo esteja escondendo alguns crimes, como além de
criminosos as pessoas normais estejam também sendo reiniciadas por ir contra
certas regras impostas pelo governo ou pensando por conta própria, ideias revolucionárias
que podem gerar o caos e desestabilizar este governo totalitário.
O final do
livro, revela algumas novidades, mas outras ficam no ar, um ar de suspense que
instiga o leitor a querer ler desesperadamente o segundo volume da série:
Fragmentada. Uma distopia de tirar o fôlego e com fortes críticas a sociedade e
governos manipuladores, muito bem recomendada.
Quote:
"No final das contas, nada disso importa, porque não importa quem eles sejam, tenho de fazê-los gostar de mim. Fracassar não é uma opção." Pág.: 13
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