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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Resenha: A Volta do Parafuso, Henry James

Qual o limite da razão? Até onde vai a imaginação ou até onde podemos encarar a realidade?

Em “A Volta do Parafuso” o autor Henry James, insere o terror psicológico para impressionar e assustar o leitor no finalzinho do século 19 (obra de 1898). A narrativa começa com uma pessoa contando a estória de uma governanta muito jovem e sonhadora que vai cuidar de duas crianças numa mansão bem antiga. Muito jovem a moça fica ansiosa e encantada com seu empregador, que muito bonito e charmoso explica determinante, que se ela quisesse o emprego não teria que aborrecê-lo a nada e ela teria que tomar todas as decisões a respeito de seus sobrinhos órfãos, sem consultá-lo. Para demonstrar que era forte, determinada e uma boa governanta a moça aceita o trabalho de cuidar destas duas crianças. A princípio tudo parece estar na mais perfeita paz, até que mistérios começam se levantar, aparições amedrontar e tudo começa a fugir do controle.

Foi meu primeiro contato com o autor e criei grandes expectativas, que não foram atendidas, mas também não foi decepcionante. A narrativa do autor é muito fluida, elegante e bem dramática, fazendo o leitor terminar a leitura bem rápida e agradável.
Momentos de terror: confesso que até para mim, muito medrosa, não tive tanto medo, porém olhei uma segunda vez ao meu redor no momento das aparições na trama. O escritor mexe muito com o psicológico de sua personagem principal, como tudo é visto pela sua ótica, ela é uma narradora que não podemos confiar, e durante a leitura sentimos que ela está bastante perturbada e em muitos momentos sem saber o que fazer, momentos de desespero.
Os personagens não são bem desenvolvidos, acredito que foi um artifício que o autor usou para criar sua atmosfera sombria e cheia de mistérios, até sobre a própria protagonista que não ficamos sabendo do seu passado. Acredito que o livro me agradaria mais se ficássemos sabendo mais, pelo menos da protagonista. Não posso falar muito dos outros personagens por ser uma estória curta e até porque perderia seu mistério criado.

Um livro bem escrito com elementos de terror na medida razoável, porém com um final previsível. Leitura recomendada, mas sem muitas expectativas, bom livro.

Quote:
“...-num velho banco de pedra existente diante de um lago, e, naquela posição, mesmo sem erguer os olhos, comecei a sentir a presença, a distância, de uma terceira pessoa. As velhas árvores, os arbustos espessos formavam uma grande e agradável sombra, mas estava tudo mergulhado no tranquilo e cálido resplendor da hora.” Pág.: 178


Nota do Filme:

Assisti esta adaptação da BBC de 2009, ela não é fiel ao livro, mas gostei muito de como o filme trabalhou a protagonista, que neste caso foi melhor desenvolvida. Alguns mistérios foram adicionados e personagens também. Para mim é uma adaptação que respeita a obra. Ainda quero a assistir a mais antiga de 1961, intitulada de “The Innocents” que você encontra legendada e completa no youtube.