Páginas

domingo, 11 de maio de 2014

[RESENHA] O menino dos fantoches de Varsóvia – Eva Weaver


Tá aí um daqueles achados que você agradece aos céus por ter chegado em suas mãos!! Livro excelente, escrita, enredo, personagens, tudo maravilhoso. Vou tentar aqui convencer você a lê-lo também, como sempre, tentando não dar spoiler, nem falar muito da história. Bom mesmo é ler com surpresa!

Para quem gosta de livros cujo enredo envolve o Holocausto e o Nazismo, este é um excelente título. A história de O Menino dos Fantoches de Varsóvia ocorre em sua grande parte em Varsóvia, capital da Polônia de ~1940 em diante. Foi nesse período que teve início o Terceiro Reich Alemão, o ápice das atrocidades de Hitler contra os judeus que terminou com a derrocada do seu governo, bem como o quase extermínio dos judeus na Alemanha e principalmente na Polônia.

“Em 1939 Varsóvia reunia 1 milhão e 290 mil habitantes, dos quais 35% eram judeus. Destes, em 1940, os alemães encarceraram 450 mil num gueto murado, onde permaneciam até serem enviados para os campos de concentração.” Wikipédia

Na Polônia era onde ficavam os mais conhecidos campos de concentração da Alemanha Nazista, como Treblinka e o tão falado Auschwitz, detentor da grande marca dos mais de 1 milhão de judeus mortos. As grandes cenas desse livro se passam nos Guetos de Varsóvia, local onde os Alemães acuaram grande parte dos judeus da Polônia. Uma população de cerca de 380 mil judeus (30% de toda a população de Varsóvia) foi amontoada em um pequeno gueto que correspondia a apenas 2,4% do território da cidade. No início os Alemães diziam que o gueto era uma forma de isolar em quarentena um povo “cheio de doenças” contagiosas (foi essa a desculpa que eles davam para os demais poloneses e para o mundo), e construíram um muro ao redor do gueto para esconder dos olhos do mundo as atrocidades que eles passariam a cometer com aquele povo. 

"Judeus de cidades e vilas menores foram trazidos para o gueto. O tifo e a fome alastravam-se em enormes proporções. As rações de alimento para judeus eram oficialmente limitadas a apenas 184 kcal por dia, ao contrário das 2.400 kcal oferecidas aos alemães que moravam em Varsóvia." Wikipédia

A verdade que os nazistas omitiam, era a violência que eles estavam cometendo, alimentando esses judeus com pouquíssima comida, violentando e explorando homens, mulheres, idosos e crianças. E em três anos, após muita opressão e extermínios em câmaras de gás, os 380mil judeus do gueto foram reduzidos a apenas 70mil. E era neste gueto que se encontrava Mika, o rapazinho protagonista dessa história, e sua pequena família.

Um dos pontos mais intrigantes que achei desse livro é que, apesar de 70% dele acontecer em Varsóvia, sob o ponto de vista de um menino judeu, também somos apresentados ao cenário “pós-nazista”, com os soldados alemães sendo despachados para a Sibéria, sendo tratados tão mal quanto eles próprios trataram os judeus. E é nessa parte do livro que nos é apresentada a culpa alemã. E aqui, cabe dar uma informação curiosa, Eva Weaver, autora deste livro é alemã! Então vemos nos últimos 30% do livro a opressão dos Russos para com os soldados Alemães, levados em trens de bois para realizar trabalho escravo na Sibéria. E depois disso, toda a culpa e pesadelo de um soldado que não consegue mais viver com os fantasmas que ficaram nos guetos de Varsóvia.

Enfim, um livro excelente, de uma sensibilidade maestral, que vai te deixar querendo ler mais sobre o tema. Espero que eu tenha conseguido convencer a todos de lerem esse livro sensacional!

Comumente eu concluo a resenha com citações do livro. Mas dessa vez vou fazer diferente, para cada quote que eu postaria aqui, vou colocar uma foto dos guetos de Varsóvia. Segurem o estômago, porque o soco vai ser forte!

















Aldrêycka Albuquerque

Um comentário: