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sábado, 30 de novembro de 2013

[RESENHA] Aqui é o melhor lugar – Cecelia Ahern





Para onde vai o que perdemos? Sandy Short desde criança tem uma obsessão pelas coisas que foram perdidas. Desde uma meia na máquina de lavar ou seu ursinho de pelúcia, até mesmo sua amiguinha de infância que desapareceu aos dez anos de idade e por longos vinte anos ninguém mais soube do seu destino.


Por essa sua característica Sandy não consegue se sentir bem em lugar nenhum onde vai. Muito menos a casa dos seus pais para ela é confortável ou acolhedora. Ela sempre está em movimento, fugindo das raízes e enlouquecidamente à procura de coisas (e pessoas) desaparecidas. E é neste ritmo frenético que ela (fantasiosamente) vai parar em um lugar mágico onde todas as coisas e pessoas desaparecidas vão. Imagine você com seria esse lugar!


Como a maioria dos livros da Cecelia Ahern (pelo menos todos os que eu li até o momento – A vez da minha vida, As suas lembranças são minhas, O livro do amanhã), contém uma pitada de fantasia, esse não fica atrás. No meio de um enredo leve de um romance irlandês, ela consegue adicionar um pouco de fantasia que faz com que a história fique mais gostosa de se ler. E é impressionante como a Cecelia adiciona essas questões fantasiosas sem deixar a história hiperbólica ou com cara de ficção científica. Por um breve momento você até questiona ou imagina se aquilo poderia ser verdade. Gosto muito da Ahern por isso.


Aqui É o Melhor Lugar é um livro que pode te ajudar a lidar com as coisas que perdemos na vida. Desde coisas fúteis, até uma pessoa querida, um padrão de visa, uma passado... E no final das contas, atire a primeira pedra quem não tem dificuldades (mesmo que a menor delas) de lidar com as perdas! Livro delicado e leitura fluída. Recomendadíssimo.


QUOTES

“Na minha busca por respostas para todas aquelas perguntas difíceis da minha vida, me perdi nas mais óbvias, bem diante dos meus olhos.”







“Há uma linha estreita entre amor e ódio; o amor liberta uma alma e no mesmo sopro pode sufocá-la. Eu andava pela corda bamba com a graça de um elefante, minha cabeça me oprimindo para o lado do ódio, meu coração me elevando para o lado do amor. Era uma jornada oscilante e às vezes eu caía. Algumas vezes caía por longos períodos de tempo, mas jamais por tanto tempo.


Jamais por tanto tempo assim.


Não peço que gostem de mim. Nunca ansiei por gostarem de mim, tampouco peço que me compreendam; nunca fui assim. Quando me comportava daquela maneira, quando deixava sua cama, soltava sua mão, desligava o telefone e fechava a porta atrás de mim, até eu mesma tinha dificuldade em gostar de mim, de me entender. Mas é assim que eu era.


Eu era.”




“- Fica mais fácil com o tempo?


- Nunca mais fácil, mas um pouco menos difícil, talvez. Sempre ocupa a parte frontal da minha mente, todos os momentos em que estou acordada ou dormindo. A dor começa a... não bem desaparecer, mas é como se evaporasse, então ela fica no ar em volta de mim, pronta para chover sobre mim quando eu menos esperar. Então é quando a dor vai e a raiva toma seu lugar; quando toda a raiva evapora, a solidão toma conta. É um ciclo de emoções sem fim; cada emoção perdida sendo substituída por outra. (...) Eu costumava amar os grandes mistérios da vida, as incertezas, o não saber. Sempre achei que eram necessários à nossa jornada. Não tenho mais entusiasmo por isso.”





Aldrêycka Albuquerque

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