Resenha: Dizem por aí...

Inicialmente temos Tilly, que acaba de levar um pé na bunda do namorado e isso a deixa estranhamente aliviada e até feliz. Então, decide passar um fim de semana com sua amiga Erin (já que seu ex-namorado retirou metade da mobília), numa cidadezinha do interior da Inglaterra chamada Roxborough. Lá ela vive por alguns dias o dia-dia de cidade pequena  quando vê uma proposta inusitada de emprego, e nos últimos minutos ela desiste do seu trem de volta para Londres e faz uma mudança radical em sua vida.

No final das contas ela consegue o tal emprego e começa a trabalhar como “faz-tudo” de um decorador (bastante cômico). E pra completar, tem Jack Lucas um homem rico, bonitão e com uma fama de garanhão  (ele saiu com todas as mulheres da cidade...). E como de clichê Tilly se sente atraída por Jack... Será que ela deve ceder aos seus encantos, mesmo com a má fama? Ela deve acreditar nas fofocas?

“Dave voltou para a van dos correios, cumprimentando Jack com um aceno de cabeҫa e um olá quando passaram um pelo outro. Então, ele olhou para Betty, que havia permitido que o carteiro coҫasse suas orelhas, mas que agora corria pelo cascalho e se jogava toda feliz sobre o novo visitante, como uma beldade agitada. O último olhar que Dave dirigiu à Tilly dizia tudo; cadelas ou garotas, não importa. Todas elas amavam Jack.”

(Pág. 258)

Um ponto que chamou minha atenção logo de imediato, foi que ele é todo narrado em terceira pessoa. Eu pensei que não daria muito certo (não é tão comum para este gênero), mas a leitura assim foi bem prazerosa. Evitou o mimimi de sempre, que alguns detestam e até evitam ler chick-lit por isso. 

Como se ela fosse se sentir atraída por Jack Lucas por um segundo sequer. Mas que ideia absurda! Tilly disse, com franqueza:

- Não se preocupe, não planejo ser o troféu de ninguém, especialmente de alguém que usa cantadas como…

A porta da cozinha se abriu e a cabeça de Jack apareceu.

- Diabos, era para você ter ido embora – disse Max. - Como vamos falar de você pelas costas com você rastejando por ai e ouvindo escondido?

- Desculpem. – Pelo modo como Jack estava sorrindo, era óbvio que havia ouvido cada palavra. - Eu estava de saída, mas vi algo interessante no corredor lá fora. – Ele ergueu uma sobrancelha para Tilly. - Duas coisas interessantes, para ser mais exato.” 

Pág. 42

Ainda podemos ver vários pontos de vista diferentes, como Erin que está com sua vida amorosa bastante confusa. E também Kaye, a ex-mulher do patrão de Tilly, uma atriz hollywoodiana que passou por um escândalo recentemente e vai se refugiar na cidade. A partir daí, acompanhamos as vidas caóticas desses personagens quem vão se desenrolando, enrolando, desenrolando, enrolando de novo e, por fim, encontrando seu final feliz.

O mais legal do livro é que não só tem a visão dos acontecimentos de um personagem principal, mas de vários personagens que tornam o ritmo do livro dinâmico e muito divertido. Gostei da escrita objetiva da autora (ela vai logo ao ponto, sem rodeios e enfeites) e dos diálogos hilários. A minha única constatação foi o final que foi bem fraco comparado com o início e meio.

Pra quem gosta de um bom chick-lit ou pra quem quer algum livro pra relaxar, pode gostar de “Dizem por aí...”. Um romance descontraído, divertido, pra ler de uma só vez numa tarde chata de domingo. 

Eu acho que essa sinopse não trouxe o resumo do livro nem a essência dele, pois dá a entender que a história gira em torno de Tilly e sua suposta paixão por Jack. Mas não é. Acho que é mais sobre as histórias de Roxborough, uma cidade de interior (aquilo de todo mundo sabe da vida de todo mundo), e sobre o quê as pessoas dizem por aí.