Nossas Noites de Kent
Haruf
Ano – 2017.
Páginas – 160
Editora – Companhia
das Letras
Gênero – Romance
Sinopse:
Em
Holt, no Colorado, Addie Moore faz uma visita inesperada a seu
vizinho, Louis Waters. Viúvos e septuagenários, os dois lidam
diariamente com noites solitárias em suas grandes casas vazias.
Addie propõe a Louis que ele passe a fazer companhia a ela ao cair
da tarde para ter alguém com quem conversar antes de dormir. Embora
surpreso com a iniciativa, Louis aceita o convite. Os vizinhos, no
entanto, estranham a movimentação da rua, e não demoram a surgir
boatos maldosos pela cidade. Aos poucos, os dois percebem que manter
essa relação peculiar talvez não seja tão simples quanto parecia.
Neste aclamado romance, Kent Haruf retrata com ternura e delicadeza o
envelhecimento, as segundas chances e a emoção de redescobrir os
pequenos prazeres da vida que pode surpreender e ganhar um novo
sentido mesmo quando parece ser tarde demais.
Fonte:
Skoob
Nossas
noites é um livro com uma premissa surpreendente e inovadora, ao
menos para esta leitora. Como revela a sinopse, certo dia, Addie bate
a porta de seu vizinho Louis, com a seguinte proposta: que ao cair da
noite, ele se dirija até a casa dela para que os dois passem as
noites juntos. Sem malícia, sem segundas intenções, apenas porque
aos 70 anos e viúva, Addie se sente solitária demais, com
dificuldades até mesmo para dormir, caso que imagina ela, seja o
mesmo de Louis, viúvo e vivendo sozinho.
Embora
surpreso com a proposta e um tanto descrente, Louis curioso, decide
aceitar. A partir de então, com a chegada da noite Louis põe seu
pijama e sua escova de dentes em um saco e caminha até a casa da
vizinha. Os dois passam a desenvolver aos poucos uma amizade que os
enche de coragem e força para suportar as línguas maldosas e o
preconceito da comunidade.
A
construção da amizade e confiança entre o casal é encantador,
noite após noite um descobre um pouco mais sobre o outro,
compartilhando suas histórias de vida, com bom humor, e
sensibilidade, possibilitando ao leitor conhecer os personagens na
mesma medida em que a relação deles vai crescendo. É interessante
a maneira sincera com que falam de seus erros e suas dores, dos
pecados e mortes que tiveram que superar ao longo de 70 anos de vida,
agora já maduros, munidos de segurança para revelar quem realmente
são, sem se preocupar com aparências.
A
narrativa expõe de maneira singela as dificuldades da velhice, a
solidão e os comportamentos esperados de cada um, de acordo com a
fase da vida em que se encontram. Mais personagens vão sendo
inseridos no enredo e desta forma, conhecemos diferentes pontos de
vista da velhice. Por meio de Ruth uma simpática senhora, temos a
representação daqueles idosos que não tem família, que vivem sós
e que até certo ponto perderam um pouco do apetite por viver, se
isolando pouco a pouco.
Com
os amigos de Louis, vemos a representação dos grupos de idosos que
se unem, para socializar, para lembrar os velhos tempos ou apenas
para fofocar. Com Louis e Addie, temos a representação daqueles que
ainda querem viver, daqueles que querem provar para si mesmos que
podem sim viver, experimentar, mesmo que isso signifique correr
riscos.
Com
o passar das páginas, conhecemos o filho e o neto de Addie que irão
representar um papel importante na história, Gene o filho, passa por
dificuldades de natureza pessoal e profissional e precisa que sua mãe
cuide do neto Jamie por algum tempo. A partir deste ponto, vemos como
os conflitos familiares exercem pressão sobre nós, sejamos crianças
ou idosos.
Os
protagonistas conseguem desenvolver uma relação amorosa e confiante
com o garotinho Jamie, no entanto encontram preconceito e
desconfiança em Gene, que se coloca no papel de controlar e limitar
as ações de sua mãe, nos dando amargas demonstrações do quão
ingratos e incompreensivos alguns filhos podem agir com seus pais.
Obviamente
não revelarei aqui o final do livro e consequentemente o desfecho da
história de Louis e Addie, me limito a dizer que o livro é sútil,
sua história é tocante principalmente se nos imaginarmos no papel
dos simpáticos velhinhos, e claro a narrativa já merece
reconhecimento por tratar de um tema pouco comum, ao menos em minhas
leituras. A linguagem é de fácil compreensão, os capítulos e o
número de páginas são curtos, ou seja, tudo contribui para aquela
leitura de uma sentada. E no final, você ainda fica com aquele
gostinho de quero mais, quero ler mais, quero viver mais, quero
conquistar uma boa velhice.
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