Em 1925, a jovem Gwendolyn Hooper parte de navio da Escócia para se encontrar com seu marido, Laurencek no exótico Ceilão, do outro lado do mundo. Recém-casados e apaixonados, eles são a definição do casal aristocrático perfeito: a bela dama britânica e o proprietário de uma das fazendas de chás mais prósperas do império. Mas ao chegar à mansão na paradisíaca propriedade Hooper, nada é como Gwendolyn imaginava: os funcionários parecem rancorosos e calados, e os vizinhos, traiçoeiros. Seu marido, apesar de afetuoso, demonstra guardar segredos sombrios do passado e recusa-se a conversar sobre certos assuntos. Ao descobrir que está grávida, a jovem sente-se feliz pela primeira vez desde que chegou ao Ceilão. Mas, no dia de dar à luz, algo inesperado se revela. Agora, é ela quem se vê obrigada a manter em sigilo algo terrível, sob o preço de ver sua família desfeita. Fonte
Com
uma leitura fluida, a autora nos remete aos anos 1920 e 1930 com
riqueza de detalhes de acontecimentos e costumes da época. Em suas
pesquisas Dinah procurou escrever um romance com personagens críveis
e atmosfera bem realística. Foi meu primeiro contato com sua
narrativa que percebi ser bem sensorial, como gosto muito de chá
parecia que o cheiro perfumava o ar durante a leitura.
Os
personagens de sua trama são bem construídos, a autora quis colocar
sempre um mistério em seus personagens. Laurence é um viúvo que se
casa novamente, mas mantêm muitos segredos inclusive de sua esposa.
Apesar de ser um marido amoroso e empresário bem-sucedido, ele tem
umas atitudes que irritam, principalmente seu silêncio que
atormentaram sua esposa e ao próprio leitor. Verity é a irmã de
Laurence, e a pessoa mais egoísta, mimada, manipuladora e
dissimulada de toda a estória, em cada capítulo que ela aparecia
minha vontade era de esganá-la. Fran, amiga/prima de Gwen é uma
pessoa bem otimista, independente e amorosa, uma personagem que o
leitor se apaixona “a primeira lida”, porém ela tem um hiato na
estória que só piora a situação de sua prima.
Gwen,
a protagonista, chega de Londres bem jovem ao Ceilão, recém-casada
e muito imatura tomando decisões sem pensar direito, movida por puro
medo, desespero e preconceito. Essa é a parte que mais me incomodou
durante a leitura. Demorei para finalizar porque o drama desta
personagem é terrível e angustiante, que me emocionou muito
custando a continuar a leitura, acredito ser esta a intenção da
autora que mexeu comigo. Realmente é o drama dolorido que me fez
refletir bastante sobre uma mulher na posição dela, naquela época.
O leitor acompanha o amadurecimento de Gwen que vem de uma família
rica e depois de se casar se ver nas difíceis situações que se
envolve e acaba se desesperando o que torna sua vida bem complicada e
infeliz, porém a protagonista é bem forte e tem muita vontade de
viver, o que a ajuda no seu processo.
A
estória traz muito a discutir, a posição da mulher nas décadas de
20 e 30 que ainda estavam engatinhando em suas conquistas, a questão
da miscigenação de raças: brancos e cingaleses, tâmis, casamentos
inter-raciais que na época, que se passa a estória do livro, não
eram vistos com “bons olhos britânicos”, por causa de seus
descendentes não serem fiéis a Coroa. Outra questão abordada foi o
amor incondicional, aquele em que o sangue clama, que vai além da
cor, aparência, raça, questões muito relevantes inclusive
atualmente. A autora também escreve sobre mão de obra barata que se
tem com pessoas de raças menosprezadas, as dificuldades de pessoas
submetidas a supremacia dos brancos e ricos, as tentativas dos
sindicatos (ainda bem nos primórdios) em conquistar condições
dignas para esses trabalhadores, mal-remunerados que lutavam por sua
sobrevivência.
Um
sentimento que permeia muitos os protagonistas deste romance é a
culpa e o medo numa dimensão que contagia o leitor, sentimentos bem
difíceis de lidar, principalmente numa vida a dois. E nesta relação
mostra a importância de quanto o diálogo é importante no casamento
e quanto os segredos podem destruir pessoas, em especial os
inocentes.
O
perfume da folha de chá é um drama sofrido que indico a todos que
gostam do gênero e àqueles que querem sair da zona de conforto dos
romances românticos, porque este livro é de incomodar o leitor, com
uma forma bem reflexiva e um desfecho bem conduzido e uma boa
leitura.
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