Um romance
do século 19, em que o principal não é o casal romântico, mas sim a formação de
caráter dos personagens e como isso interfere na sociedade e relacionamento
entre eles.
A Agnes, a
protagonista e narradora da estória, vem de uma família bem pobre. Ela tem uma
irmã mais velha: Mary, seu pai é o Pároco da região e sua mãe era uma moça
muito educada e de família rica que foi deserdada por se casar com um homem
pobre. Por esta família passar por uma determinada situação em que seu pai acaba
muito pobre e doente, as filhas com a mãe tentam economizar ao máximo para
sobreviver e a Agnes decide ser preceptora. A mãe e Mary não querem isso para a
filha mais nova, porém de tanto insistir e por necessidades financeiras ela consegue
uma colocação em uma cidade distante em uma família de posses. Chegando lá seu
primeiro pesar é a separação da família, Agnes sempre teve o carinho, apoio e
afeto de seus parentes e em sua primeira vez distante não foi fácil para ela. Mas
isso não foi nada comparado ao desafio de instruir crianças mimadas,
arrogantes, egoístas e mal educadas que ela encontra nessa casa para
corrigi-las.
A narrativa
da Anne Brontë, é muito fluida e muito agradável de ler, ora ela narra fatos
bem difíceis e com certa frieza, em outros ela narra com muita delicadeza e
sensibilidade. A autora nos conta a estória pelo olhar da protagonista, sem ser
prolixa, mas sim muito objetiva e instigando o leitor a cada capítulo. Em
alguns artigos descobri que este livro pode ser, em partes, autobiográfico da própria
autora que por algum tempo também cuidou da educação de crianças de pais ricos
para ajudar no sustento da casa.
A heroína da
estória é muito cativante, embora jovem e sem experiência, Agnes consegue ter
um caráter impecável e tomar boas decisões. Mesmo tendo que educar crianças que
não mudam e aguentar arrogância de pais egoístas e prepotentes, Agnes não perde
a esperança que acredito seja sentida por vários professores até hoje de que
aquele aluno que dá trabalho possa mudar. Outros personagens são detestáveis,
principalmente os pais destas crianças e até adolescentes que a Srtª Grey tenta
educar, e até alguns clérigos muito hipócritas durante a leitura que são bem
desagradáveis.
““E por que
ele iria se interessar pelas minhas capacidades morais e intelectuais: que
importância terá para ele o que eu penso ou sinto?” Perguntei a mim mesma. E meu
coração palpitou em resposta a essa pergunta.” Pág.: 191
O livro
também tem um romance, embora não seja o foco, mas formaram um casal muito fofo.
Um livro surpreendente, sensível e que não deixa de refletir vários aspectos e
pessoas de nossa sociedade atual. Romance de formação que recomendo para todas
as idades, com muito a ensinar e sem dificuldades na linguagem tornando-o
acessível a todos.
Quote:
“Paciência,
firmeza e perseverança eram as minhas únicas armas; e eu estava decidida a
usá-las ao máximo.” Pág.: 55
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