Eu sei que
quando se diz clássico, a maioria das pessoas pensam:” leitura demorada”, bem ,
foi o que pensei quando fui ler Jane Eyre, um clássico publicado no século XIX,
que esta longe de ser chato, cansativo e maçante.
A autora,
Charlotte Brontë, tem uma narrativa de vanguarda para uma época em que o
preconceito contra a independência feminina era muito forte. Este livro tem
muito de autobiográfico da autora, muitas passagens e situações da protagonista
podem ser bem próximos da vida real da Miss Brontë. Narrativa, fluida,
personagens bastante cativantes são encontrados desde as primeiras páginas até a última.
O romance
tem alguns elementos góticos, embora não seja desta época, na verdade tem muita
simbologia durante a leitura. Como Charlotte é um pouco
a frente da Jane Austen, notamos uma certa independência da mulher em seu
primórdios de conquistas, como: trabalhar e ganhar seu sustento sem a
necessidade de casamento, um marido, ou um pai ao qual dependesse. Algumas mulheres
desta época, como a própria Charlotte, eram mais questionadoras, sem tanto medo de
dizer o que pensa, com certas liberdade em assuntos restritos à homens e até
conversas com homens que antes era bem pouco comum.
A saga de
trágicos acontecimentos da pobre órfã Jane, acabou de começar assim que nasceu.
Morando de favor com seu Tio, que falece muito cedo, ela é enviada à um
internato porque sua Tia não quis cria-la, simplesmente por ser pobre e não
gostar da garota. Mandada para Lowood, Jane começa seu caminho em busca da
liberdade, da independência, neste lugar conhece a doce, meiga e madura Helen
Burns.
Depois que
Jane cresce vira professora onde estudou e logo após preceptora de Adèle,
protegida do Mr. Rochester. Quando ela vai para a grande Thornfield Hall, seu novo
lar, começam mudanças muito significativas em sua vida. O clima da mansão é de
mistérios e suspenses, que mistérios guardam as paredes de Thornfield? Para
nossa querida, inteligente e curiosa Jane é só um catalisador para que ela vá
atrás de respostas.
Personagesn favoritos:
Helen Burns
Helen é uma
personagem que me conquistou desde o início, quanto mais a conhecia mais a
admirava e me encantava com tamanha sabedoria e maturidade, sendo ela apenas
uma criança. Acredito que a autora quis mostrar a importância de não
superestimar as pessoas, que podemos aprender muito e tirar grandes
ensinamentos de pessoas simples. Helen é uma órfã de mãe que já esta à algum
tempo no internato, uma criança que sofre muitos maus tratos em Lowood, mas que
encara tudo com muita compreensão e certa resignação. Helen tem suas crenças
muito bem definidas, e acredita em coisas maiores que a vida, com sua fé
inabalável tirei muito aprendizado que acredito formaram e muito o
comportamento e caráter de Jane Eyre.
Quote
favorito sobre os diálogos com Helen:
“Você não
seria mais feliz se tentasse esquecer a severidade dela, assim como as
consequentes emoções provocadas em você? Acho que a vida é curta demais para
ser gasta com animosidades, só pensando nos acontecimentos ruins. Somos, e
devemos ser, todos nós neste mundo, pessoas cheias de defeitos. Mas um dia
virá, espero, em que nos livraremos deles, quando nos livrarmos de nossos
corpos impuros. Pág.: 74-75”
Mr Rochester
Um sujeito
incomum, ou como a própria Jane fala: inconstante. Seu mau humor muitas vezes atrapalha
o tornando desagradável. Ele é de uma natureza bem bruta, e se tornando
terrível com as circunstâncias de sua vida que não foi nada fácil. Nunca foi um
filho querido ou quisto, mas que acabou herdando toda a fortuna Rochester.
Sozinho, com quase quarenta anos, ele viaja o mundo em busca de paz, de
redenção, de algo que faça-o voltar a ser uma boa pessoa.
Quote:
- Eu sabia – continuou ele – que, de alguma
forma, você me faria bem, um dia. Vi isso em seus olhos, na primeira vez em que
nos encontramos.” Pág.: 180
Jane Eyre
Personagem
favorita de todos os tempos. Muito gentil e calma, ela guarda um espírito de
liberdade e sem limites dentro de si. Como o próprio Rochester fala: "Se tivesse
asas e liberdade voaria mais alto que as nuvens." É incrível como ela consegue
ser contida, reservada, educada e ao mesmo tempo parecer ser um vulcão preste a
explodir. O que mais admiro nesta personagem é fidelidade a seus princípios,
seus valores, regras que ela mesma criou para si e nunca transgredi-las.
Sozinha no mundo ela não tem ninguém a quem dar satisfação, mas ela respeita a
si mesma, de tal forma a ser fiel e correta mesmo em horas de muito desespero e
aflição.
Quote:
“Nenhum laço
me prende à sociedade humana nesse instante; nada me atrai ou chama para o seio
dos meus semelhantes. Ninguém que me visse agora me dedicaria um pensamento
terno ou um desejo de boa sorte. Não tenho parentes, mas apenas a mãe
universal, a natureza. E é em seu seio que buscarei repouso.” Pág.: 376
Um romance
cheio de reviravoltas, um certo mistério, muito drama e amor na sua forma mais
pura. Podemos encontrar também muita crueldade, e situações vividas ao extremo
que nos faz refletir sobre nossa própria vida e comportamento. Jane Eyre,
atemporal, nos faz aprender muito com personagens que poderíamos cruzar com
eles hoje em dia, e uma heroína que nos inspira e que podemos nos identificar.
Livro muito mais que recomendado, leitura simples, inteligente e muito
reflexiva.
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